A colaborar com a Viúva Lamego desde 1949, Manuel Cargaleiro é um dos artistas com residência na fábrica.
Pintor e ceramista português, Manuel Cargaleiro é oriundo da Beira Baixa, onde nasceu em 1927. Inscreveu-se na Faculdade de Ciências de Lisboa e chegou a trabalhar num banco, mas frequentava as aulas livres da Academia de Belas-Artes e o atelier de olaria de José Trindade.
Em 1949 participou no I Salão de Cerâmica do SNI, vindo a receber o Prémio Nacional de Cerâmica em 1954, quando foi convidado para leccionar na Escola António Arroio. Como bolseiro do Governo italiano, estuda cerâmica em Faenza, Roma e Florença. Estagia mais tarde na Fábrica de Faiança de Gien, em França, com o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian.
Parte para Paris, vindo a expor igualmente em Tóquio, Turim, Milão, Rio de Janeiro, Lourenço Marques, Luanda, etc. Na sua pintura pode distinguir-se um sentido ornamental e decorativo, a opção pela bidimensionalidade e a negação da profundidade, de tal maneira que o trabalho da tela se confunde com o dos azulejos, na repetição dos quadriláteros, nos azuis, na necessidade de um enquadramento.
Nos seus azulejos, impera a espontaneidade da pincelada. Assume-os como obra de arte, datada e assinada. A obra de Cargaleiro representa a extroversão, a luminosidade, o optimismo e a sensualidade do carácter mediterrânico.